"As minhas lágrimas servem-me de alimento de dia e de noite, enquanto me dizem constantemente: Onde está o teu Deus? Lembro-me destas coisas enquanto dentro em mim derramo a minha alma: de como eu ia com a multidão, guiando a procissão à casa de Deus, com gritos de alegria, e louvor entre a multidão festiva. Por que estás abatida, ó minha alma? Por que te perturbas em mim? Espera em Deus, pois ainda o louvarei, meu Salvador e meu Deus. Ó meu Deus, dentro em mima minha alma está abatida"
(Sl 42.3-6a)
Talvez o melhor seja idealizar alguém em depressão. Vamos chamá-la de Rosa Maria. Rosa Maria não se importa com o que lhe acontece, não cuida da aparência, não troca de roupa, não penteia direito os cabelos, não prepara as comidas, e prefere sentar-se diante da TV ou escapar da vida dormindo. Dorme muito, ou passa a maior parte do dia sonhando de olhos abertos. Tem pensado na morte. É como milhões de outras pessoas no mundo, entre elas Van Gogh, Humberto de Campos e Augusto dos Anjos.
Alguém chamou a depressão de "inferno particular". O que o é, na verdade, para muita gente, apesar de que seja normal que de vez em quando nos sintamos em altos e baixos, pois como a solidão faz parte da vida. Todos sofremos o seu impacto vez por outra. Porém, quando nos sentimos em baixo ('na fossa", ou "em baixo astral", na linguagem da Nova Era), a maioria das vezes, ou choramos à menor provocação, aí temos um caso clínico de depressão. Nessa situação quem está deprimido não quer saber de alimentos, de deveres conjugais, ou até de ver outras pessoas. Nada parece dar certo, e até parece que Deus se esqueceu de nós.
Há quem se deprima com um céu cinzento, com alguém pedindo esmola, e alguém me disse que fica deprimido quando passa pelo Maciel . É isso: na estrada da vida, há obstáculos e perigos. Um deles é o vale da sombra da morte, outro é um abismo chamado Depressão.
O deprimido é alguém que se torna abatido, triste, cheio de melancolia, desanimado porque do alto foi empurrado para baixo. Geralmente, as mulheres sofrem mais que os homens. Lembremos, no entanto, que a depressão de uma pessoa pode parecer totalmente diferente da de outra. Por isso, as reações variam: um pensa em morrer, outro quer viver, outro acha que todos o estão traindo.
As diferenças acontecem porque as pessoas são diferentes: uma pessoa histérica vai ficar mais histérica ou hostil, um obsessivo mais obcecado, um desconfiado ficará com a confiança incrementada. A oração do salmista é a que se encontra no Salmo 77.1-10
OS SINTOMAS
Convém reconhecê-los porque quase todos nós temos um amigo ou parente que apresenta esses sintomas:
- Insônia ou comportamento irregular do sono, resultando que a pessoa afetada acorda cansada;
- Apatia, pouca concentração, não lembrando, sequer, o que leu;
- Perda de apetite a comida parece sem sabor;
- Cansaço crônico;
- Indecisão, tornando-se impraticável decidir até sobre pequenas coisas;
- O amor e a afeição diminuem, pois o deprimido considera os amigos mais chegados como antipáticos; há um desejo de se afastar dos outros;
- Diminuição ou perda total de interesse nas pessoas, coisas, idéias, igreja, coisas espirituais;
- Irritabilidade, agressividade, comportamento explosivo, dando como conseqüência que o deprimido não pode controlar a sua irritabilidade sobre coisas pequenas do dia a dia;
- Remorso pelo passado, por coisas que não deveria fazer, mas fez;
- Choro involuntário;
- Desespero; aliás, ensina um estudioso do assunto que são três os estágios da depressão: Ameno, quando se dá o desalento; Sério, ao vir o abatimento; Grave, quando cai o desespero. Dizem ser "difícil continuar vivendo", expressão muito ouvida, por sinal;
- Auto-depreciação, com expressões do tipo "Tudo o que eu faço sai errado";
- Baixa auto-estima, ou seja, a sensação de não ser amado ou que ninguém se interessa por nós.
A depressão é coisa séria, sendo que outros sintomas são: perda de energia, pessimismo, hipocondria, autocrítica; sentimentos de culpa, de vergonha, de desamparo; sentimento de que não é digno; perda de interessa no trabalho e/ou na vida sexual, tensão, tendência a acidentes, trabalho compulsivo ("ergolatria").
CAUSAS DA DEPRESSÃO
A situação existencial está entre as principais causas deste mal. É como se vive no trabalho, no lar, na escola. O emprego que não oferece recompensa, mas não pode ser deixado porque não há outro em vista; muita tensão de horários e prazos; tensão doméstica, econômica, déficit de sono, pouco exercício físico, problemas pessoais, problemas de criação, problemas na infância, problemas de relacionamento, distância de Deus, a meia-idade (difícil para o homem, ainda mais difícil para a mulher), desapontamentos, enfermidade, depressão após o parto, rejeição, alimentação inadequada, efeito de entorpecentes, perda de emprego, perda de posição, perda de pessoas queridas por morte, divórcio, abandono etc., etc.
Outras depressões não têm sentido aparente, porém, na verdade, são provocadas por um desequilíbrio interno, como desordens glandulares ou hipoglicemia.
A verdade é que a depressão é uma condição da qual Satanás se aproveita para tornar o povo de Deus inútil para a Obra do Mestre, e o Inimigo usa o estado de pressão para levar a sentimentos de culpa, e mesmo o conhecimento da graça e da misericórdia do Pai não parece ter poder para ajudá-los. Assim vem a autocondenação. Entende o cristão deprimido que Deus dá perdão, mas não o experimentou ou acha que não foi salvo ou que perdeu a salvação (coisa que a Bíblia não ensina), ou ainda que cometeu o pecado imperdoável (sem saber defini-lo). Satã ataca o cristão com o cansaço que deprime, e, assim, vem o sentimento de fraqueza, ansiedade e medo. Medo da morte, medo do amanhã, mede de gente, medo de coisas específicas, e medos mal definidos também.